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quinta-feira, março 28, 2024

Educação e metaverso: um novo mundo de possibilidades

Ensinar e aprender no metaverso pode parecer um conceito que só é possível em nossos sonhos, mas situações semelhantes já existem na atualidade

Por Margarete Lazzaris Kleis*

O metaverso é tema que domina a pauta de discussões de diversos setores, especialmente o da educação. Os potenciais benefícios para o aprendizado são muitos, como a expansão do ambiente de ensino e a palpabilizarão de conteúdos que antes eram muito distantes da realidade daquele aluno.

O metaverso combina mundos virtuais fragmentados em um espaço digital comum e permanente. Você também pode pensar no metaverso como a coleção futura de todas as experiências de realidade virtual e aumentada, bem como as interações entre espaços virtuais e o mundo real por meio de IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas), AI (Artificial Intelligence ou Inteligência Artificial) e aprendizado de máquina.

Ensinar e aprender no metaverso

Ensinar e aprender no metaverso pode parecer um conceito que só é possível em nossos sonhos, mas situações semelhantes já existem na atualidade. Um ótimo exemplo é o Roblox, um jogo que permite a qualquer pessoa criar e compartilhar universos virtuais, semelhantes ao Minecraft e Fortnite. Originalmente, o recurso era apenas para criação de usuários, mas foi aprimorado para incluir salas de aula do Roblox.

A sala de aula Roblox permite que alunos e professores ingressem em cenários do mundo real ou virtual, apenas fazendo login. Por exemplo, os alunos podem estar em um laboratório de informática da escola e todos podem entrar no mesmo mundo com o professor. O educador pode usar o mundo virtual para mostrar aos estudantes um acontecimento histórico no computador, mas a comunicação acontece no mundo real.

Apesar de não ser um ambiente 100% metaverso, as experiências de aprendizado virtual do Roblox são um excelente exemplo do potencial educacional. A diferença, no entanto, entre os ambientes Roblox e metaverso é que o último pode ser muito mais imersivo.

Para viver essa experiência o aluno precisará apenas de um dispositivo com acesso à internet e, então, após se conectar, poderá experienciar diversos mundos gerados e sugeridos pelo seu professor, destinados inteiramente ao seu aprendizado. São diversos os exemplos em que o metaverso poderá ser utilizado, seja para simulações de física, para que o ensino aconteça em um ambiente virtual seguro, ou até mesmo para simular, por meio de role-playing, eventos históricos.

Segundo Michel B. Horn, autor de diversos livros sobre inovação na educação, o ensino a distância – que geralmente tem problemas em manter os alunos engajados – se beneficiará ainda mais do metaverso que o modelo presencial de ensino, pois terá essa tecnologia como uma sustentação e não uma inovação, oportunizando melhorias no serviço e na experiência de pessoas que já estão inseridos no mundo virtual.

Benefícios dos ambientes de aprendizado do metaverso

Aprender a utilizar a realidade virtual é elevar o nível de aprendizado do aluno em comparação aos métodos tradicionais, isso porque os estudantes poderão visitar e estar imersos em lugares do passado ou, até mesmo, realizar testes que no mundo real não seriam possíveis por conta da periculosidade.

O ambiente no metaverso é muito realista, e não será difícil cativar a atenção de crianças, adolescentes e/ou adultos, pois, além da imersão visual, o ambiente poderá oferecer interação física. Os aparelhos de acesso à realidade virtual são projetados para parecerem naturais e podem replicar mãos e dedos enquanto o aluno está usando o equipamento.

O universo de aprendizagem do metaverso também pode promover a segurança de maneiras que a educação real não garante. No metaverso, os professores têm controle total sobre as interações dos alunos e podem limitar o bullying ou separar as crianças para fins disciplinares simplesmente alterando algumas permissões na sala virtual. Dessa forma, os alunos podem se concentrar no aprendizado em vez de se preocuparem com brincadeiras ou distrações.

Segundo o livro “Metaverso: a próxima fronteira da inovação”, de Renato O. A. de Andrade, o metaverso trará fortemente o conceito de aprendizagem ativa, em que o aluno deixa de aprender apenas ouvindo, mas traz a prática para o dia a dia. Dessa forma, os estudantes irão aprender mais em menos tempo e com maior retenção de conteúdo, por estarem imersos em um ambiente 3D.

Desafios do metaverso na educação

Apesar dos inúmeros benefícios no ambiente de aprendizagem virtual em relação ao ensino tradicional, o metaverso tem desafios que precisam ser considerados. Com a possibilidade de viver diversas experiências que no mundo real não são possíveis, existe a tendência do desenvolvimento de vícios ao metaverso, tanto para adultos quanto para crianças.

Isso ocorre porque do mesmo modo que os alunos poderão utilizar o metaverso para aprendizado, também poderão usá-lo para fins de entretenimento e, assim, poderão passar dezenas de horas por semana no mundo digital e, possivelmente, negligenciarão suas vidas no mundo real. Desse modo, mais tempo consumido no mundo virtual irá requerer de um equilíbrio com a realidade.

* Margarete Lazzaris Kleis é CSO na Delinea Tecnologia Educacional e mestra em engenharia da produção voltada para a ergonomia cognitiva, pela Universidade Federal de Santa Catarina

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